Saiu pela Editora Três, custando Cr$ 7,00, no ano de 1974 (outro).
Chegou sexta aqui (Mercado Livre... eheheh).
Curiosidades:
- Propaganda de lançamento do Maverick 4 portas! "Incrível! Um 4 portas que não é quadrado."
- Propaganda do Fusca! "Garra" "Supergarra" "O Fuscão já nasceu bravo." "V. e ele são da mesma geração."
- Matéria sobre "As armas do Armagedon", por Roberto Pereira (trecho):
"Essas armas são aperfeiçoadas simultaneamente com poderosas astronaves de combate capazes de voar até a distância de Marte ou arrasar um continente na Terra. Pressionado por problemas ecológicos, econômicos e políticos o homem começa a olhar ambiciosamente para os planetas vizinhos, e prepara-se para garantir sua posse com armas poderosas."
"As futuras astronaves de combate, que estarão operando na década de 1990, serão impulsionadas por motores de plasma e transportarão canhões de raio laser. [...] Um emprego construtivo para tal petardo seria pulverizar os cometas de meteoros que de tempos em tempos passam perigosamente perto da Terra."
"Ou assegurar a supremacia da 'civilização' terrestre sobre formas de vida alienígenas que o homem encontrará mais cedo ou mais tarde."
Deixo as curiosidades a seu juízo de vocês. Pra mim, soa como um imaginário diferente do atual. Em que determinados fatores e considerações não possuiam determinadas barreiras que a nossa vã ciência já nos esclareceu, ou fez mais duvidar. O que um "especialista" diria mesmo sobre isso? Bobagem!
O ensaio sobre Contracultura, base para o texto já publicado neste Blong, cita trecho de uma matéria dessa edição.
A matéria é "As Sociedades Alternativas", de Paulo Coelho.
(Achei-me um monstro, um marginália, quando me dei conta de estar rabiscando uma revista de 33 anos... eheheh)
Mais do que uma descrição do seu conceito de sociedade alternativa, Paulo Coelho faz um apanhado da Contracultura até aquele momento. E, olhe, não é muito diferente do que o Carlos Alberto faz não.
Vou digitar alguns dos trechos aqui, os que sublinhei, pra guardar.
Alguns são interessantes por fazerem referência a composições da dupla (parceria com Raul Seixas), outras, ao contexto da época. Vejam no que lhe pode ser útil:
"A civilização, no auge de sua exuberância, sente que pode parar a qualquer instante. Nenhuma guerra nuclear foi deflagrada, nenhum cometa se chocou com a terra, tudo está exatamente como estava há três meses. Os futurólogos tinham feito incríveis previsões a respeito do progresso mundial até o ano 2000. Tudo planejado, medido, somado e previsto. Milhões gastos em pesquisas com planejamento, mas ninguém pensou que o rei Faiçal, sentado entre suas odaliscas, podia, bruscamente, resolver que não forneceria mais petróleo."
"De uma hora pra outra, a humanidade acordou de um sonho gostoso, confortável, seguro. "e percebeu que tudo que tinham criado era muito grande, mas ao mesmo tempo muito frágil, da mesma forma que um computador tem que trabalhar sob uma temperatura de 25,6°C, e qualquer variação desta temperatura provoca sérios erros de cálculo que podem provocar a falência de uma empresa."
[...]
"O hippie tinha o direito de fazer o que quisesse: andar nu, vestir-se de mosqueteiro, beber, comer e fumar o que tivesse vontade. Livre dos princípais conceitos (sexo, dinheiro, poder), o jovem hippie começou a voltar-se para si mesmo e para o significado da sua existência."
[...]
"Não pare na pista" (subtítulo)
"[...], o despertar de uma nova consciência exigiu de imediato a necessidade de locomover-se e de internacionalizar sua experiência. [...]"
[...]
"Quando o sistema percebeu o perigo que a contracultura representava, passou a absorvê-la onde era possível: ser hippie virou moda. As boutiques começaram a vender a preços exorbitantes toda a simplicidade pregada pelos hippies."
[...]
"Quando o jovem compreendeu que estava sendo atacado, ao invés de procurar controlar as destrutivas forças da sociedade de consumo, resolveu fugir, no tempo e no espaço, em busca de um primitivismo marginal. O hippie passou a alienar-se por completo dos movimentos sociais e assumir esta alienação como eterna e admirável. O sistema conseguiu fazer valer o grande mito, que os jovens engoliram sem pensar: o mito de que o artista está adiante de seu tempo e acima de seus contemporâneos."
[...]
"As sociedades alternativas" (subtítulo)
[...]
"A própria máquina, até ontem motivo de orgulho para o status, começa a criar uma paranóia toda especial na raça humana: a paranóia do desemprego. O homem passa a ser vítima do próprio mecanismo que criou. Num livro de Kurt Vonnegut Jr. (autor do famoso Matadouro n° 5), cientistas inventam o mais terrível engenho de todos os tempos: pianos que tocam homens."
[...]
"O congresso de Berkeley publicou uma declaração de princípios, da qual transcrevemos o seguinte texto:"
"'A nova sociedade, a sociedade alternativa, deve emergir do velho sistema, como um cogumelo novo brota de um tronco apodrecido. Acabou-se a era do protesto subterrâneo e das demonstrações existenciais. Acabou-se o mito que os artistas têm de estar À margem de sua época.'"
"'Devemos, de agora em diante, investir toda a nossa energia na construção de nossas condições. O que for possível utilizar da velha sociedade, nós utilizaremos sem escrúpulos: meios de comunicação, dinheiro, estratégia, know-how e as poucas boas idéias liberais'."
[...]
"A sociologia alternativa" (subtítulo)
"Nós vivemos numa sociedade de massa. isto não é o resultado acidental do desenvolvimento da civilização, mas uma consequência planejada e lógica. A massa é uma forma específica de organização social."
"A razão disto é clara: o consumo é organizado por corporações que necessitam de mercados estáveis e iguais para absorver sua linha industrial de produção. Os produtores de consumo definem a massa. Massa não é um clichê, mas uma rotina de nossa vida diária. E compreender a estrutura da vida diária. E compreender a estrutura da sociedade de consumo é compreender o que acontecerá à nossa civilização."
"[...]. Massa é um agregado de pessoas solitérias, pisadas e anônimas."
"Vivem em cidades, fisicamente restritas a pequenos apartamentos, e socialmente separadas. suas vidas são, ao mesmo tempo, privadas e públicas. Solidão, apesar de todo mundo beber coca-cola. A existÊncia social da massa - suas regras, regulamentos, lideranças - é condicionada sempre ao melhor veículo de consumo."
[...]
"A contracultura, através de uma série de análises baseada na experiência jovem da década passada, reformulou o conceito de unificação de classes, baseando-se no fato de que a sobrevivência do homem não depende mais de uma continuidade da história, e sim numa alternativa para este caminho que vem sendo trilhado."
"Sob o ponto de vista da contracultura, classe é uma força social organizada e consciente. por exempo, a classe dominante é consciente e solidária em seus atos, envidando todos os seus esforços no sentido de prganizar não só a si mesma como também o povo (massa) que é seu sustentáculo. os hippies, na década passada, tentaram inconscientemente a formação de uma classe, através da identificação de costumes (se eu via uma moça ou um rapaz usando uma roupa que me era familiar - calça lee, camisetas, cores - eu iri imediatamente falar com ele, e ele me respondia e participava dos meus conceitos, porque nós já tínhamos inconc]scientemente combinado que usar aquela roupa era participar de uma idéia). Enfim, as classes possuem um poder próprio e coletivo de ação."
"A sociedade alternativa é a consciência de classe dentro de uma sociedade cada vez mais massificante; uma classe que se distingue por valores diferentes dos tradicionais - não importa se você é rico ou pobre, o que importa é se você está vendo o mundo com seus próprios olhos, e caso isto esteja acontecendo, você sabe exatamente que o mundo está em estado de coma."
[...]
Tabela que consta na matéria:
Chegou sexta aqui (Mercado Livre... eheheh).
Curiosidades:
- Propaganda de lançamento do Maverick 4 portas! "Incrível! Um 4 portas que não é quadrado."
- Propaganda do Fusca! "Garra" "Supergarra" "O Fuscão já nasceu bravo." "V. e ele são da mesma geração."
- Matéria sobre "As armas do Armagedon", por Roberto Pereira (trecho):
"Essas armas são aperfeiçoadas simultaneamente com poderosas astronaves de combate capazes de voar até a distância de Marte ou arrasar um continente na Terra. Pressionado por problemas ecológicos, econômicos e políticos o homem começa a olhar ambiciosamente para os planetas vizinhos, e prepara-se para garantir sua posse com armas poderosas."
"As futuras astronaves de combate, que estarão operando na década de 1990, serão impulsionadas por motores de plasma e transportarão canhões de raio laser. [...] Um emprego construtivo para tal petardo seria pulverizar os cometas de meteoros que de tempos em tempos passam perigosamente perto da Terra."
"Ou assegurar a supremacia da 'civilização' terrestre sobre formas de vida alienígenas que o homem encontrará mais cedo ou mais tarde."
Deixo as curiosidades a seu juízo de vocês. Pra mim, soa como um imaginário diferente do atual. Em que determinados fatores e considerações não possuiam determinadas barreiras que a nossa vã ciência já nos esclareceu, ou fez mais duvidar. O que um "especialista" diria mesmo sobre isso? Bobagem!
O ensaio sobre Contracultura, base para o texto já publicado neste Blong, cita trecho de uma matéria dessa edição.
A matéria é "As Sociedades Alternativas", de Paulo Coelho.
(Achei-me um monstro, um marginália, quando me dei conta de estar rabiscando uma revista de 33 anos... eheheh)
Mais do que uma descrição do seu conceito de sociedade alternativa, Paulo Coelho faz um apanhado da Contracultura até aquele momento. E, olhe, não é muito diferente do que o Carlos Alberto faz não.
Vou digitar alguns dos trechos aqui, os que sublinhei, pra guardar.
Alguns são interessantes por fazerem referência a composições da dupla (parceria com Raul Seixas), outras, ao contexto da época. Vejam no que lhe pode ser útil:
"A civilização, no auge de sua exuberância, sente que pode parar a qualquer instante. Nenhuma guerra nuclear foi deflagrada, nenhum cometa se chocou com a terra, tudo está exatamente como estava há três meses. Os futurólogos tinham feito incríveis previsões a respeito do progresso mundial até o ano 2000. Tudo planejado, medido, somado e previsto. Milhões gastos em pesquisas com planejamento, mas ninguém pensou que o rei Faiçal, sentado entre suas odaliscas, podia, bruscamente, resolver que não forneceria mais petróleo."
"De uma hora pra outra, a humanidade acordou de um sonho gostoso, confortável, seguro. "e percebeu que tudo que tinham criado era muito grande, mas ao mesmo tempo muito frágil, da mesma forma que um computador tem que trabalhar sob uma temperatura de 25,6°C, e qualquer variação desta temperatura provoca sérios erros de cálculo que podem provocar a falência de uma empresa."
[...]
"O hippie tinha o direito de fazer o que quisesse: andar nu, vestir-se de mosqueteiro, beber, comer e fumar o que tivesse vontade. Livre dos princípais conceitos (sexo, dinheiro, poder), o jovem hippie começou a voltar-se para si mesmo e para o significado da sua existência."
[...]
"Não pare na pista" (subtítulo)
"[...], o despertar de uma nova consciência exigiu de imediato a necessidade de locomover-se e de internacionalizar sua experiência. [...]"
[...]
"Quando o sistema percebeu o perigo que a contracultura representava, passou a absorvê-la onde era possível: ser hippie virou moda. As boutiques começaram a vender a preços exorbitantes toda a simplicidade pregada pelos hippies."
[...]
"Quando o jovem compreendeu que estava sendo atacado, ao invés de procurar controlar as destrutivas forças da sociedade de consumo, resolveu fugir, no tempo e no espaço, em busca de um primitivismo marginal. O hippie passou a alienar-se por completo dos movimentos sociais e assumir esta alienação como eterna e admirável. O sistema conseguiu fazer valer o grande mito, que os jovens engoliram sem pensar: o mito de que o artista está adiante de seu tempo e acima de seus contemporâneos."
[...]
"As sociedades alternativas" (subtítulo)
[...]
"A própria máquina, até ontem motivo de orgulho para o status, começa a criar uma paranóia toda especial na raça humana: a paranóia do desemprego. O homem passa a ser vítima do próprio mecanismo que criou. Num livro de Kurt Vonnegut Jr. (autor do famoso Matadouro n° 5), cientistas inventam o mais terrível engenho de todos os tempos: pianos que tocam homens."
[...]
"O congresso de Berkeley publicou uma declaração de princípios, da qual transcrevemos o seguinte texto:"
"'A nova sociedade, a sociedade alternativa, deve emergir do velho sistema, como um cogumelo novo brota de um tronco apodrecido. Acabou-se a era do protesto subterrâneo e das demonstrações existenciais. Acabou-se o mito que os artistas têm de estar À margem de sua época.'"
"'Devemos, de agora em diante, investir toda a nossa energia na construção de nossas condições. O que for possível utilizar da velha sociedade, nós utilizaremos sem escrúpulos: meios de comunicação, dinheiro, estratégia, know-how e as poucas boas idéias liberais'."
[...]
"A sociologia alternativa" (subtítulo)
"Nós vivemos numa sociedade de massa. isto não é o resultado acidental do desenvolvimento da civilização, mas uma consequência planejada e lógica. A massa é uma forma específica de organização social."
"A razão disto é clara: o consumo é organizado por corporações que necessitam de mercados estáveis e iguais para absorver sua linha industrial de produção. Os produtores de consumo definem a massa. Massa não é um clichê, mas uma rotina de nossa vida diária. E compreender a estrutura da vida diária. E compreender a estrutura da sociedade de consumo é compreender o que acontecerá à nossa civilização."
"[...]. Massa é um agregado de pessoas solitérias, pisadas e anônimas."
"Vivem em cidades, fisicamente restritas a pequenos apartamentos, e socialmente separadas. suas vidas são, ao mesmo tempo, privadas e públicas. Solidão, apesar de todo mundo beber coca-cola. A existÊncia social da massa - suas regras, regulamentos, lideranças - é condicionada sempre ao melhor veículo de consumo."
[...]
"A contracultura, através de uma série de análises baseada na experiência jovem da década passada, reformulou o conceito de unificação de classes, baseando-se no fato de que a sobrevivência do homem não depende mais de uma continuidade da história, e sim numa alternativa para este caminho que vem sendo trilhado."
"Sob o ponto de vista da contracultura, classe é uma força social organizada e consciente. por exempo, a classe dominante é consciente e solidária em seus atos, envidando todos os seus esforços no sentido de prganizar não só a si mesma como também o povo (massa) que é seu sustentáculo. os hippies, na década passada, tentaram inconscientemente a formação de uma classe, através da identificação de costumes (se eu via uma moça ou um rapaz usando uma roupa que me era familiar - calça lee, camisetas, cores - eu iri imediatamente falar com ele, e ele me respondia e participava dos meus conceitos, porque nós já tínhamos inconc]scientemente combinado que usar aquela roupa era participar de uma idéia). Enfim, as classes possuem um poder próprio e coletivo de ação."
"A sociedade alternativa é a consciência de classe dentro de uma sociedade cada vez mais massificante; uma classe que se distingue por valores diferentes dos tradicionais - não importa se você é rico ou pobre, o que importa é se você está vendo o mundo com seus próprios olhos, e caso isto esteja acontecendo, você sabe exatamente que o mundo está em estado de coma."
[...]
Tabela que consta na matéria:
2 comentários:
ufa, achei que não teria fim!!
hahaha
por acaso vc comprou isso?? aff! hehe
inté
Na verdade, as matérias da Planeta, guardadas as proporções, são de bem melhor gosto que a atual seção Futurologia da Super Interessante, por exemplo. A de novembro tá de lascar mesmo, tem ainda uma pesquisa sobre "porque fazer xixi durante o banho é mais econômico que usar o vaso".
Esse texto não está na internet, coloquei aí por conta de alguém poder encontrá-lo no Google etc.
Tem pelo menos 3 músicas da dupla Raul Seixas e Paulo Coelho no meio do texto.
Fica como refrência (nem Ultimatum, do Álvaro de Campos estava, em versão integral, na internet... eu que pus, num outro site)
Quanto a comprar, sim, comprei-a. Achei muito curiosa a revista.
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