Get it written.
Há uma lógica no serviço público. Uma vez que um papel chegue até você, você não pode amassá-lo, perdê-lo ou jogá-lo num arquivo X límbico oxítono qualquer. Dá um problemão quando alguém vem perguntar daquele papel, das medidas tomadas... sempre e só desses papéis. Dos corretos, em geral, ninguém pergunta, ou não se lembra.
Mas o que interessa é a situação inversa.
Digamos, hipotèticamente, que, para completar determinado processo de interesse de uma pessoa, são necessários alguns documentos. Se não estão todos os documentos presentes, dá um problemão também. Assim, são dois os envolvidos: o responsável pelo processo da pessoa e a pessoa em si.
Vou enumerar duas posturas possíveis.
1 - Você (responsável pelo processo) pergunta à pessoa se ela conhece as regras-que-todos-devem-conhecer, onde se reza que são necessários os tais documentos. Persistindo a ausência do documento, você encaminha um comunicado escrito sobre a ausência de tais documentos, talvez ressaltando a natureza da necessidade dos documentos. Vindo ou não os documentos, a situação está resolvida. Vindo o baita problemão, você informa: fiz a minha parte.
6 - Você faz tudo o que foi feito na postura anterior. Além disso, você procura outros meios para conseguir os tais documentos, outras repartições, internet e essas coisas. Você entra em contato por telefone reforçando a comunicação escrita e informando o caminho para que se consiga o objetivo. Vindo o problemão, não haverá problema e não sobra pra ninguém.
Acontece de o mundo moderno ensejar um vida burocrática, de serviço público. Onde cada um faz a sua parte, "convence as paredes do quarto e dorme tranquilo."
Lembra-me a máxima velha de dar-lhe uma paulada na cabeça à pessoa que tenta sair do buraco, antes que ela te puxe pra baixo.
(Tem bastante gente e muito semelhante às paredes do quarto. Clique aqui para ver uma verdade que pode estar se tornando mentira.)
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O artigo versa sobre Aborto, mas os trechos parecem-me... úteis.
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http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/helioschwartsman/ult510u341458.shtml
"Se há algo que vem faltando ao debate público brasileiro é o princípio da caridade. Não, nada a ver com distribuir esmolas ou bolsas-família por aí. O princípio da caridade, descrito pelo grande filósofo analítico norte-americano Willard van Orman Quine, é a regrinha heurística segundo a qual, no curso de uma disputa intelectual, devemos conceder às declarações analisadas, principalmente às que vêm de nossos oponentes, a mais generosa interpretação possível. Isso significa que devemos tratá-las em princípio como racionais e bem-intencionadas. Só poderemos considerá-las falaciosas quando não houver outra leitura possível. Mais do que isso, se o raciocínio apresenta uma ou outra impropriedade lingüística ou relativa a fatos de apoio, devemos reconstruir o argumento do adversário tornando-o mais claro e livrando-o de erros laterais."
[...]
"Admito que o princípio da caridade, ao afastar os famosos argumentos "ad hominem", pode revelar-se frustrante se nossa meta é alimentar polêmicas. Pior ainda, sua aplicação tende a tornar as páginas dos jornais muito menos divertidas. Mas precisamos considerar seriamente adotá-lo se nosso objetivo é produzir um debate esclarecedor."
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O autor do email que me chegou ainda fez um paralelo com os fatores políticos que precederam a 2ª guerra. Com a dupla Chamberlein e Daladier, ironizada por um dito de Churchill (o cara que chamava Gandhi de "aquele marrom"): "entre a guerra e a desonra, ele preferiram a desonra, e terão a guerra".
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Como sempre, é o difícil equilíbrio.
Buda já se foi-se, mas a verdade continua no meio.
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